Postado originalmente no Medium em 22/08/2016.

Assim que publiquei meu último texto com reflexões e provocações sobre o Leão que vive na Jaula e o Leão que vive na Savana (se você ainda não leu, pare e leia aqui) conversava com meus amigos sobre o texto e percebi um ponto interessante e inesperado pra mim:

A interpretação do leitor não é, necessariamente, a mesma do autor. 🙂

Eu sei que a frase acima pode ser aplicada a qualquer tipo de comunicação (escrita, falada, sinais de fumaça, expressão facial e etc), mas de fato foi surpreendente o quão diversas as interpretações do texto foram da minha intenção inicial. Daí surgiu a idéia desse novo texto, que tenta explorar alguns cenários possíveis para a Jaula, a Savana e a Caverna (que caverna?).

A Savana:

Esse Leão não gosta da Savana..rs

Vamos começar pelo habitat natural do Leão onde ele precisa, em resumo, correr atrás de tudo, para ter o que ele quer. Esse ambiente desafia o leão a estar sempre alerta, treinando e utilizando seus instintos para a sua sobrevivência. No fim das contas, é esse lugar que faz com que o Leão se torne Leão. Mas será que todo mundo precisa ficar na savana o tempo inteiro?

Quem leu o texto anterior pensando em trabalho, pode pensar que é melhor ficar na savana, cheia de desafios e conquistas diárias, cheia de aprendizado e evolução. Porém quem leu pensando na vida em família deve ter achado a Savana uma péssima escolha! (Aqui você já deve estar entendendo onde quero chegar..rsrs)

A Jaula:

No texto foi descrita como um ambiente de estabilidade e zona de conforto. Aqui o Leão está livre de suas obrigações e pode desfrutar daquilo que ele gosta. Pode aproveitar os benefícios que recebe por ser o tão admirado e prestigiado leão. Essa visão pode (e deve) ser expandida:

Enquanto está na Jaula o Leão pode se preocupar com aquilo que é importante pra ele.

Quem pensou em educação durante a leitura do texto (escola, faculdade etc), pode ter visto aqui uma boa opção: tranquilidade para cumprir a missão do aprendizado. Estabilidade para passar pelo desafio sem sustos adicionais. De outro modo houve quem visse aqui uma vida desinteressante e pouco desafiadora, sem grandes ambições e objetivos.

Concluindo, a pergunta que fica essa semana é:

Quando você quer estar na Jaula e quando quer estar na Savana?

Identificar os momentos e os assuntos em que precisamos buscar a Savana ou a Jaula pode representar uma grande diferença no dia-a-dia. Pode estancar o sofrimento de querer a Jaula na Savana, ou vice-versa.

Isso faz parte de outra receita que considero importante pro bem estar: Conhecer-se de verdade.

E nessa altura você deve estar pensando:

O que a Caverna tem a ver com isso?

Aqui entra uma referência ao mito da Caverna descrito por Platão na obra A República.

“O mito da caverna é uma metáfora da (…) passagem gradativa do senso comum enquanto visão de mundo e explicação da realidade para o conhecimento filosófico (…) que busca as respostas não no acaso, mas na causalidade.”

Quem somente vê os perigos da Savana, não encontra opção melhor que a estabilidade da Jaula para se salvar.

De modo análogo quem vê na Jaula a monotonia, só verá salvação no agito da Savana.

A Caverna aparece nesse texto pela necessidade de percebermos que qualquer que seja sua escolha, existem outras realidades que merecem ser exploradas, conhecidas e respeitadas. Muitas vezes nos assuntos tradicionais e definidos há muito tempo podem estar grandes oportunidades de conhecer e adotar novas realidades.

Fica aqui minha provocação: Independente de Savana ou a Jaula, será que antes você não está na Caverna?